Desengane-se quem acredite que vai a Marrocos sentar-se à mesa e perder a cabeça. Os Marroquinos são tão pouco imaginativos e pobrezinhos de espírito que só sabem cozinhar batatas, cuscuz, courgettes, cenouras e uma carne que nunca viu frigorifico e que antes do tacho serve também o propósito de ornamentar as bermas de estrada e esplanadas e faz as maravilhas de todas as moscas locais. E depois espetam-lhe com tamanha quantidade de especiarias que ao fim e ao cabo acaba tudo a saber ao mesmo – pode ser saboroso, mas é monótono. E é isto o famoso Tagine Marroquino – depois de dois dias no território do país, só a palavra já enjoa.
Claro que tivemos algumas excepções e boas surpresas – restaurantes em zonas mais urbanas e turísticas – sendo que todos eles reuniam os seguintes requisitos: não serem geridos por Marroquinos, envolverem o mínimo possível a mão desleixada de Marroquinos e não servirem Tagine. Pois bem – o melhor que se consegue à mesa em Marrocos é uma mesa que nada tenha a ver com Marrocos.
(A falta d')As defesas
O guia bem avisava "no matter what you eat in Morocco, at some point of your trip you will have diarrhoea". É assim, está escrito, toca a todos. E quanto mais te convences que até tiveste cuidado, que vais mudar o rumo da história, que já passaram uns dias e vais-te mantendo integro – tu, que até disseste Não aos maravilhosos sumos de laranja natural espremidos por mãos que sabe Deus e servidos em copos que nunca viram água –, vais acabar por adoecer. Eu também lá também tive as minhas 24 horas para não me armar que sou diferente.
Nem tanto ao mar nem tanto à terra
Depois de uma espécie de recorde alcançado – o de viver estoicamente 10 dias consecutivos em Agosto a uma simpática temperatura muito para lá dos 40° graus (nunca olhei para um termómetro para ficar sempre na dúvida se o calor era apenas impressão minha) e sempre pelo menos a umas 4 horas de distância do mar mais próximo – sonhámos com aqueles dias merecidos em que então desmaiaríamos quais heróis regressados a casa no areal imenso de Essaouira e mergulharíamos os nossos corpos sedentos de frescura nas águas frias do Atlântico.
Só que a bela tinha um grande senão – uma ventania insuportável capaz de mandar as Nortadas furibundas das praias do Norte para a fasquia de um ventinho fresquinho e agradável. Moral da história – passou-nos ao lado o facto daquele sítio ser o templo dos kitesurfers e dos windsurfers – o que para quem quer ocupar os seus dias na canseira do cá e lá entre a espreguiçadeira e o mar – convenhamos – não dá muito jeito.
E são estes os três "menos" da aventura Marroquina destas férias que agora esteja a ver. Contas feitas nem foi nada mau. E esperem até eu começar a falar do "mais, mais" - é uma lista que nunca mais acaba.
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