28 de abril de 2010

Vou ali a um aniversario e já venho

Ela insistiu. Nós ainda nos fizemos de caros e ponderámos recusar o convite. Dizem que é muita gente, muita animação, espectáculos, música, teatro… enfim, uma verdadeira chatice. Vamos lá fazer o frete só porque afinal a minha missão também inclui lançar charme para as monarquias vizinhas. Por isso podem mandar avisar a Rainha que vamos chegar amanhã, ainda a tempo para jantar. E espero na sexta-feira estar a beber algo espirituoso num destes enquanto brindo à sua saudinha. Bem-haja a todos e boas férias para mim.


27 de abril de 2010

Em Roma sê Romano (ainda que não vejas grande motivo para o ser)

Fiquei indecisa se não deveria chamar a isto uma constatação. Constatação de que podemos ter uma cabecinha muito sã, muito sã, mas depois de um certo tempo a levar com a cultura do absurdo, corremos o rico do absurdo passar a fazer-nos sentido.
A minha questão é mesmo esta – não sei como hei-de adjectivá-la: histérica, croma, totó, estúpida? – mania institucionalizada de cada um almoçar à sua secretária - qual ser errante, infeliz, solitário e eternamente atolado até aos olhos de trabalho. Até quase que dá para ter pena. Mas não. Vai-se a ver e estão no facebook a postar qualquer coisa que os faça sentir super sociais e sociáveis ou a twittar qualquer pensamento inútil. Só se compreende que este seja um processo de "desaprendizagem" a estar e a ter um motivo de conversa que desperte interesse nos outros mais de 30 segundos (mais ou menos o tempo que demora o elevador a chegar ao 25°) ou rectificando – mais de 30 segundos sem umas boas pints no bucho. Deve fazer parte, depois de uns anos a trabalhar, perderem-se certas faculdades menos_habilitantes_para _um _exercicio_paranoico_do_trabalho.No outro dia ouvi uma colega a justificar a outra que almoçava todos os dias na secretaria não porque tivesse sempre muito trabalho, mas porque lhe custava estar "mais de 10 minutos longe dos papeis e do email". No comments.
Ainda que recuse aceitar que não encontraria bons motivos para uma boa conversa numa esplanada num dia de sol como o de hoje, o certo é que optei por ficar aqui, a escrever sobre o absurdo que é almoçar aqui. Vou mas é rapidamente lá baixo beber um café a sério e fumar um bom cigarro, para tentar salvar os (bons) hábitos lusos que ainda me restam.

23 de abril de 2010

Missão suspensa para balanço

Isto por aqui tem andado muito fraquinho. Os meus amigos devem andar mais a banhos pela Costa da Caparica do que pela blogosfera. Sendo assim vou inspirar-me para a cidade à beira Tejo e volto já.
Bom fim-de-semana

21 de abril de 2010

Run Forrest! Run!

Começámos hoje – levantar da cadeira à hora combinada sharp, trocar de roupa rapidamente, descer os 25 pisos e respirar fundo antes de começar a correr. Depois, percorrer o passeio que se estende ao longo do canal até Limehouse e descobrir um mundo literalmente novo fora daquelas quatro paredes. Um sol maravilhoso a cair lentamente sobre as águas calmas do canal e - de ruído - apenas passos de quem nos acompanha na corrida e pedregulhos a crepitar cada vez que passa uma bicicleta. De porta a porta são quarenta e cinco minutos, de puro bem-estar. Ganhei um aninho de vida e prometi repetir a dose duas vezes por semana!
Limehouse

19 de abril de 2010

Bucolismo

Aqui ficam uns apontamentos para um fim-de-semana distraído do ruído da cidade.

Um almoço volante em Borough Market



















Se alguém me tivesse explicado o que era realmente este mercado, tenho a certeza que poucos teriam sido os sábados até hoje em que não acabaria por ir lá parar. Num dia de sol – então – é paragem obrigatória. Desde as iguarias mais exóticas, aos queijos, aos produtos orgânicos, às ostras maravilhosas vendidas à unidade, aos sumos naturais, ao live cooking – é possível provar uma coisinha aqui e outra ali antes de fazer a aposta no top 10 ou então fazer por esquecer a culpa da gula e ir andando, andando até não aguentar mais. Mais aqui.

Um passeio pelo canal (Regent's Canal)


Se me vendassem os olhos e me despejassem ali – eu nunca diria que estava mesmo em Londres. Um curso de água serpenteante emoldurado por casas fantásticas com acesso directo ao canal e alguns barcos casa atracados ao acaso por ali trazem-me à memoria uma Amesterdão que visitei há tantos anos atrás. Ao longe – algumas pessoas deixam-se ficar entregues ao silêncio preguiçoso daquela tarde quente enquanto imaginamos divertidos como seria viver ali onde se esconde o tempo e vestir a pele de uma vida errante…

Um piquenique no parque


Os domingos foram inventados para isto mesmo – comer, dormir e descansar de comer e dormir. Juntem a isso um imenso tapete verde, o som de uma guitarra a trautear uma música vaga qualquer, uma aragem fresca com o aroma das primeiras flores da Primavera e uns petiscos deliciosos ali à mão de semear e conseguem ter uma ideia do que é um piquenique em Regent's Park num domingo de sol.

A cinza e os dias

Foram dias fantásticos de passeio, de jantares demorados, de conversas há tanto tempo adiadas e um sol quente a dar um cheirinho de Verão, mas uma nuvem invisível de cinzas acabou por ensombrar as coisas boas que a F., a A. e o T. certamente terão para recordar desta cidade. É fácil ouvir nas notícias que um vulcão de nome impronunciável está a causar o caos na Europa, mas difícil aceitar quando o mundo afinal se torna grande demais.

14 de abril de 2010

Esta semana tenho cá três amigos especiais. Tê-los a abancar no sofá, as malas deles espalhadas pelo meu quarto, sair de manhã apressada para trabalhar e "deixá-los" emprestados ao "meu" mundo, sair a correr do escritório com um sentimento de clandestinidade para tentar encontrá-los ainda sob o sol morno do fim de tarde, passar todo o dia a tentar adivinhar o que andarão a fazer – está a dar-me um gozo enorme, nem podem imaginar.

12 de abril de 2010

Contabilidade do último fds

  • Premio desilusão mais desilusão não há

Favela Chic

O problema de quando se fala muito de uma coisa, é que a expectativa ganha proporções tão grandes que muito dificilmente a coisa não descamba em desilusão. Este sitio foi mais uma prova de que é mesmo assim.
Nota dez para a decoração que está super criativa, mas nota negativa para a música. Ouvi mais musiquinhas caribenhas do século passado do que músicas brasileiras - e as que ainda passaram - eram tão fraquinhas que se dispensava. Depois é o problema da caipirinha, servida ao paladar dos ingleses – doce que não se podia – dois copos depois estava em ponto rebuçado. Ainda jantamos lá – o que completou o ramalhete – jantei a moqueca mais fraquinha do que alguma vez consegui na vida, mas ao dobro do preço de todas as outras melhores.
Conclusão – o sitio é pequeno, janta-se mal, a musica não deslumbra e é caro. Pode ser que tenha tido azar com a noite (todos os sitios têm os seus dias maus), mas não fiquei com muita vontade de voltar.

  • Prémio BBB da semana


  
Ali não há cá lérias - chegas, sentas, escolhes rápido, comes e bazas que já se faz tarde. Pagas pouco, vês gente gira e estas no coração do Soho. Acham que chega de bons motivos?

  •  Prémio música de jeito


Não é nada de especial. Mas ouvi musica fixe e dancei com vontade como já não dançava há muito tempo! Agradecem-se DJ's que não inventem!

11 de abril de 2010

Irving Penn



Woody Allen as Charlie Chaplin (1972)

Pablo Picasso (1957)

Truman Capote (1948)

Ballet Society (1948)

"Sensitive people faced with the prospect of a camera portrait put on a face they think is one they would like to show the world... very often what lies behind the façade is rare and more wonderful than the subject  knows or darres to believe." I. Penn

"In portrait photography there is something more profound we seek inside a  person, while being painfully aware that a limitation of our medium is that the inside is recordable only in so far as it is apparent on the outside." I.Penn

Parte da tarde deste sábado foi passada na National Portrait Gallery, e as fotografias acima foram algumas das que vi. Esta é uma exposição do Irving Penn que estará patente até 6 de Junho e - para quem goste de fotografia - merece bem uma visita.
Impressionantes retratos que nos transportam para aquele interior de que nos fala   Sr. Penn  na citação acima, de gente tão díspar e carismática. Desde Christian Dior, a Dalì, passando por Balthus, The Duchess of Windsor (que soubemos, ali mesmo - contado pela boca de um Inglês que  apreciava maravilhado a imagem tão forte da senhora - ter sido a protagonista da história de amor mais curiosa do país, com o Rei Edward VII, a qual conduziu a uma crise na sucessão ao trono), Dietrich, Hepburn, Bergman - são imagens que cruzam os tempos de 1940 a 2007. E podem sempre dar um salto à National Gallery que fica mesmo ali ao lado.
E depois de uma lavagem cultural, nada como subir ao último andar do edifício para mimar a alma e - numa sala com uma vista espectacular sobre a cidade - tomar o verdadeiro afternoon tea (com todos os acompanhamentos a que tem direito - sandezinhas deliciosas, scones, cookies, bolo de cenoura, e... o resto deixo para vocês descobrirem).
Uffa, cidade esta. Sempre com alguma coisa nova ao virar da esquina para nos surpreender.

LL

8 de abril de 2010

Hat trick

A minha complexa rotina matinal começa no momento em que ponho o pé na rua até ao momento em que entro no elevador em Canary Wharf – ao todo 35/45 minutos de hábeis manobras, ultrapassagens engenhosas e posicionamentos estratégicos, tudo feito automaticamente ao segundo certo. Dois meses e tal depois aposto que conseguia fazer tudo de olhos fechados.
Depois de descer a rua até ao metro posiciono-me no lado certo do passeio para conseguir agarrar das mãos do senhor que distribui as publicações gratuitas diárias à porta da estacão, o meu exemplar. Um desvio de centímetros pode custar-me muitos encontrões e caras feias – são centenas de pessoas a tentar entrar e sair por uma mesma porta, não se esqueçam - o que pode ser uma forma de começar logo mal o dia e um péssimo pressagio para os desafios que se seguem. Descer as escadas a correr para apanhar o primeiro (de três!) metro, que a maior parte das vezes está mesmo a chegar. Tentar começar a ler o jornal – esta linha é mais desanuviada do que a seguinte, por isso tento dar um adianto e matar as principais notícias logo ali. Duas estações depois, voltar descer escadas, percorrer corredores apinhados de gente e entrar na pior linha de toda a rede de metro – a Northern Line (uhhhh, medoooo). Aqui, conseguir entrar na carruagem exige o seu quê de perseverança, cara podre, lata e um bocadinho de força. Depois de um empurrão certeiro e decidido, lá consigo entrar num comboio que – sem excepção – vem com a lotação esgotada já desde o momento em que parou na primeira estação. Completamente encurralada e espremida, lá consigo pôr um olhinho no jornal, mas também já sei que não consigo ir além de umas imagens e (no máximo!) as respectivas legendas. Uma paragem depois, descer mais escadas, mais corredores e entrar no momento mais confortável da minha viagem – o DLR, ou mais conhecido como comboio_maravilha_que_vai_à_superfície_e_tem_quase_sempre_lugar_sentado. Doze minutos depois cheguei ao destino.
Hoje lembrei-me de vos descrever isto pois foi um dia inédito – consegui o hat trick com a proeza de barrar as portas dos três comboios em que entrei. Sabem aquela história que eles estão sempre a repetir nos altifalantes das estações
"stand clear the doors please!"
pois isso mesmo! - aquilo que eu consegui não fazer hoje nas três oportunidades que tive. Não nasci para ser britânica, está visto.

LL

6 de abril de 2010

Depois das imagens...

Partimos de manhã cedo, de comboio – como convém para quem quer ficar com uma visão de conjunto deste país. Vamos furando por entre a paisagem bucólica e plana Inglesa e intercalando com algumas cidades pontuadas de chaminés altas e construção escura e austera. Viaja connosco um sem número de gente em espírito de férias - alguns começam a abrir garrafas de champanhe às dez da manhã, outros bebem divertidos, no meio da carruagem, cervejas que trouxeram em packs não fosse dar-se o caso de se esgotar o stock do bar do comboio. Uma viagem animada como devem imaginar.
Entramos na Escócia quatro horas depois, onde a paisagem começa a ganhar mais relevo e os campos verdes começam a pintalgar-se de manchas brancas de carneiros e ovelhas, sob um sol pálido como é habitual por cá – mas simpático e hospitaleiro. Vamos mesmo rente ao mar do Norte e conseguimos ver o desenho irregular de uma costa sinuosa pintada de verde onde pessoas passeiam os seus cães com um ar sereno e feliz.
Finalmente Edimburgo. A estação de comboios é mesmo no centro da cidade, por isso chegar de comboio a Edimburgo, é entrar pela "porta" principal com vista privilegiada da cidade e "aterrar" no sopé do castelo.
A sensação que tive nos primeiros momentos em Edimburgo, foi a de nunca ter estado numa cidade parecida. Uma cidade pintada de tons escuros construída num vale, ladeada pelo Mar do Norte e por montanhas nevadas. O castelo merece bem o titulo de "jóia da coroa" – pela sua imponência, pela importância histórica, pela forma exímia como os escoceses o preservam e dinamizam. Para além disso, uma data de coisas para visitar, uma zona histórica muito arranjadinha, alguns pubs engraçados - tudo se vê calmamente em dois dias. Ficámos num hotel simpático e central, um bom sitio caso estejam a pensar fazer uma city break por ali (http://www.edinburgharchitecture.co.uk/point_hotel.htm).
No terceiro dia lançámo-nos à descoberta das Scottish Highlands. Foram 700 km de Edimburgo a Inverness, passando por Glen Coe, (http://en.wikipedia.org/wiki/Glen_Coe), Perth, Callander, Loch Lochy, Loch Lomond, Loch Ness, Loch Rannoch, Blair Castle (http://www.blair-castle.co.uk/), Stirling Castle (http://www.stirlingcastle.gov.uk/). Paisagens de tirar o fôlego que mereciam uma visita com mais tempo, para explorar devagar. Valeu-nos um dia fantástico de sol (muito, muito raro por aquelas bandas) que permitiu desfrutar da vista ao máximo e tirar o melhor partido de tudo – como poder fazer um passeio de barco no Loch Ness!
Sem dúvida, um destino a incluir na lista!

5 de abril de 2010

A Escócia vista pelos nossos olhos

algumas imagens daquilo que vimos (as descrições vêm amanhã - prometo)

A "jóia da coroa" de Edimburgo - o Castelo

Revolução industrial - a cidade das chaminés


Uma cidade romântica


Quando o sol se abate sobre a cidade



quando o sol se abate sobre a cidade II



Música por todo o lado!


Pelas terras altas da Escócia - o Hammish!


Pelas terras altas da Escócia - paisagens impressionantes palcos de grandes batalhas

Pelas terras altas da Escócia - Loch Ness


LL
 
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