
Quando finalmente me decidi a comprar online umas coisas há tanto tempo adiadas – uma capa para evitar que as molas do meu colchão acabem com a minha coluna para sempre, bilhetes para um musical (o mais óbvio, Mamma Mia, para começar) também para acalmar a perplexidade do meu pai por ainda não me ter entregue a um
programa cultural em Londres e os bilhetes para a minha
Easter break – qualquer coisa correu mal à terceira, de modo a que o meu bom nome na praça não chegou para literalmente comprar uma passagem para Edimburgo. A irritação miudinha começou quando, umas horas mais tarde, tentei comprar umas
coisinhas numa loja e tive que levar com a menina de sorriso simpático a dizer que "
népias, tira o cavalinho da chuva, queres comprar paga com dinheiro que o teu banco não te autoriza".
Mau! Comecei a suspeitar que alguma coisa estava mesmo errada ali. Depois de uma hora ao telefone com pelo menos 5 operadores do call center – já que nenhum deles era verdadeiramente a pessoa certa para tratar do assunto, "
não estou bem a perceber qual o problema, vou passar a alguém que a possa ajudar", "
não sei mas vou passar a alguém que saiba", "
sim, claro, mas está a falar para o departamento_de_apoio_a_reclamações_de_clientes_blá_blá_blá e deve falar com o departamento_de_apoio_a_clientes_blá_blá_ com_problemas_em_transacções_online" – lá consegui chegar à fala com alguém que finalmente me conseguiu explicar a forma bizarra como funciona por cá a relação Banco/Cliente: basicamente os bancos por cá funcionam como uma espécie de pais ou de suprema voz da consciência, actuando de forma voluntária e discricionária, autorizando (ou não!) as operações bancárias dos clientes consoante considerem essas operações "
normais" ou "
anormais" - para os critérios deles, claro. Ora, como é possível uma mesma pessoa lembrar-se de comprar, no intervalo de uma hora: uma capa de esponja para um colchão, 2 bilhetes para um musical e 2 bilhetes de comboio (sim, esta parte a mais estranha: tem dores de costas e vai meter-se 4 horas num comboio???? No way!)?? Toca a cancelar isto tudo!
Foi assim por isto que fiquei impossibilitada de usar o meu cartão e gastar o meu dinheirinho durante 12 horas, até perceber que daqui em diante vou ter que avisar (espero que não inclua pedir com jeitinho) o meu banco cada vez que me der na gana comprar umas coisas descasadas e saltar sem pudores de uma Ted Baker para o Primark, ou sempre que tentar à má fila ir gastar libras para outro país. É assim meus amigos, querem fazer das boas toca a confessarem-se ao banco!
LL