Subo pontualmente os 5 andares do prédio que separam a minha secretária do 30° piso e de uma vista desafogada onde – em dias raros de um sol como o de ontem – se consegue descobrir ao longe o emaranhado de cimento e vidro da City e - destacando-se como um troféu erguido com orgulho ao céu laranja fogo dos finais de tarde típicos do Verão Londrino - o singular Gherkin. Surpreende-me a quantidade de pessoas que respondeu ao chamamento literário lusófono e se deslocou a Canary Wharf para ouvir poemas declamados pela boca de poetas de cores e continentes diferentes, unidos por uma língua comum. No final da sessão de leitura, ninguém prescinde de um bom copo de vinho bebido ao som de uma guitarrada Portuguesa – cortesia dos anfitriões do evento - e tanto se demoram no aconchego daquele espaço, iluminado ainda por uma luz quente e tardia, que é com bastante dificuldade que a organização consegue dispersar a audiência, já a noite vai longa.
Eu – bem - eu estou ali por um acaso do destino. Um acaso de um mundo tão pequeno onde é possível acontecer um festival dedicado ao mundo lusófono em Londres, e, de entre os vários eventos, um vir a acontecer no edifício onde passo os meus dias e trazer um poeta que mais do que meu conterrâneo, era um grande amigo do meu avô. E por isso tive o privilégio de acompanhar o poeta no jantar que se seguiu e de conhecer pessoas tão díspares que dedicaram uma vida ao estudo da cultura portuguesa e que, quando falam de Pessoa, de Belo, de Régio, entre tantos outros, sabem bem do que estão a falar. Pessoas que conhecem os acordes e os poemas da música lusa, os contornos da nossa história e que nos engrandecem pela importância e valor que nos dão. Obrigada, Valter.
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E tu, inspirada por tudo isso, e com o teu enorme talento, descreveste-o sublimemente. Gostei e imaginei (como se o tivesse vivido) o eguer do "troféu (...) com orgulho ao céu laranja fogo dos finais de tarde típicos do Verão Londrino".
ResponderEliminarO teu avô leria isto babado, orgulhoso e certo de que o talento ficou na família!..
Beijo
se o talento é hereditário, lá vou eu ter que cozer pão...;) e que o meu pão seja tão delicioso e tão viciante como as tuas palavras!:)
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