Esta pontada leve mas contínua no canto superior direito da cabeça não me deixa ignorar desde esta manhã que não devia ter bebido aquele último gole de vinho do Porto. Se calhar, o último copo também não me teria feito tanta falta assim. Mas que se lixe, o amanhã pode esperar e as amizades também se constroem em momentos assim: uma noite serena, uma varanda, uma garrafa de Dão e outra de Porto trazidas à socapa na mala de Portugal, um bocadinho de queijo aqui e mais uma coisinha ali, duas amigas, tantas estórias do passado, um presente que nada nos diz sobre o futuro. Só quando o relógio marca já a segunda hora do dia seguinte é que percebemos que a noção de tempo tem aqui uma dimensão diferente, mais vasta, mais imperativa, e por isso ontem à noite foi como se nos conhecêssemos desde sempre.
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